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SOMMET D'EVIAN 2003
Summit Documents

Conferência de imprensa do Presidente do Brasil,
Luiz Inácio Lula da Silva,
1o de junho 2003

Segunda-feira, 1o de junho 2003
por Céline Füri, Christophe Gravend e Philippine de t’Serclaes

Esse encontro pode marcar uma nova relação entre os países em desenvolvimento (PED) e os países do G8. Não só porque foi a primeira vez que os países ricos e os PED se encontram na mesma mesa, mas porque pudemos exprimir os problemas dos PED. Já não é mais possível promover o crescimento mundial sem incluir os PED. As relações entre os países em desenvolvimento são muito importantes e devem ser estreitadas.

A participação do presidente do FMI é importante, considerando a necessidade urgente de se tomar as melhores medidas para evitar as crises financeiras. Estou convencido de que esses problemas encontram sua solução, em primeiro lugar, na boa relação política e em propostas objetivas.

O fundo do combate a fome é essencial. O crescimento da economia dos países mais pobres depende sobretudo dum conjunto de reformas estruturais.

Descobri que os PED não precisam esperar que os países do G8 os convidem e que façam o que lhes dizem ! Nós, os PED presentes, temos muito em comum e, assim, podemos estabelecer políticas comerciais comuns. Temos o direito de reclamar, mas também a obrigação de fazer o melhor que pudermos. A questão das tarifas comerciais não é fácil, mas é perceptível uma evolução nas atitudes do G8 sobre este tema. As relações comerciais podem, e devem, ser mais democráticas !

Espero que nós possamos intensificar os contatos comerciais do Brasil para que as possibilidades sejam maiores do que as de hoje.

Perguntas da imprensa e respostas :

Há pouco tempo atrás, o senhor estava atrás das barreiras… Hoje o senhor tem uma solução para as pessoas contra a globalização?

Podemos provar transformar a realidade! O movimento social é fundamental, porque o problema da concentração de riqueza é político. Então, acho que temos que conversar, mas é importante que as pessoas continuem a pressionar os políticos.

Que contatos bilaterais o senhor teve ?

Os contatos bilaterais têm a vantagem de chamar a atenção sobre um tema. Não esperava que os países do G8 aceitassem desde já essa idéia de fundo, mas senti que as expectativas eram boas. Consolidar um novo padrão de discussão comercial é um processo de amadurecimento. Todos, inclusive os países do G8, percebem que os PED precisam crescer, e que, por conseguinte, precisam ter um mercado; mas a importância de repartir a riqueza criada também deve ser considerada.

Brasil vai reivindicar uma maior representação no G8? Como parte de um G9, por exemplo?

Depois do que aconteceu hoje, não se pode mais voltar atrás. Bush não vai poder não convidar os representantes que estiveram presentes hoje ! É importante que sejamos convidados. Melhor que um G9 seria que mais pessoas fossem convidadas. Mas não temos que esperar que o G8 nos convide. Temos que começar a fazer as nossas reuniões. Temos que nos valorizar entre nós.

Como foi o seu encontro com Poutine ?

Fiquei bem impressionado com ele: é mais simpático que na televisão! Quando se trata de países como Brasil e Rússia, não se pode "pensar pequeno". Os dois países têm interesse em estreitar as relações. Por isso quero convidar Poutine para vir ao Brasil.

O Brasil tem que recuperar o tempo perdido ! Não temos que esperar que alguém nos dê licença para fazer relações internacionais. Brasil não tem que bater à porta para entrar…

O senhor conseguiu alguma coisa concreta da parte dos Estados Unidos sobre a redução de subvenções agrícolas?

Há espaço para a redução do protecionismo agrícola. Temos que pressionar os países ricos, mas isto não impede que o comércio cresça entre eles e nós. Haverá mudanças nessa questão… 20 de junho, vou aos Estados Unidos !

O que é o problema da fome? Não se ocupou do combate à fome. Os objetivos determinados em Roma em 1995 deviam ser atingidos em 2015; hoje fala-se de 2050… O problema é estrutural: Brasil produz uma quantidade suficiente de alimentos para todos os brasileiros, mas as pessoas não têm dinheiro para comprá-los. Por isso é preciso realizar reformas estruturais, como a reforma agrária, para permitir a geração de empregos. Eu quero ser julgado pelos compromissos que assumo quanto à fome. Trata-se de uma tarefa complicada, mas estou convencido de que combateremos a fome nosso país.

O senhor acha que o Brasil deveria ser membro do Conselho de Segurança da ONU?

Não há dúvida que Brasil merece ser membro permanente do Conselho de Segurança. Agora, é um processo de convencimento. O funcionamento da ONU tem que mudar... Brasil está elaborando um processo de discussão sobre esta questão.

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